Board game used for health education, England, 1992 (board game)

Uma breve análise sobre a evasão escolar

A primeira questão a ser pensada é a motivação política e quais são as principais questões que levam à evasão escolar. Olhando para o município do Rio de Janeiro é possível pensar em:

1 – Fator financeiro (geração imediata de renda e baixos retornos financeiros)
2 – Oferta menor que a demanda (em determinadas localidades)
3 – Falta de interesse do poder público

A segunda questão é com relação a quais ações governamentais (ou não) podem contribuir com acesso e permanência:

1 – Benefícios financeiros à população de baixa renda. Além do Bolsa família há o Cartão Família Carioca para as famílias complementarem sua renda caso atendam as diversas condições, inclusive, manter os filhos na escola.
2 – Aumentar a quantidade de escolas em bairros que possuíam relação inadequada entre demanda e oferta.
3 – Criação de política educacional para escola em tempo integral (turnos únicos de 7 horas)

Fontes:

Com esse contexto é possível analisar que as diferenças sociais permeiam a motivação da evasão e insucesso escolar. Ao tratar do assunto, a visão crítica que a Sociologia da educação provê é fundamental, afinal, há de um lado o papel do Estado em alcançar e fazer com que as políticas públicas sejam transversais à toda população, até questões inerentes ao processo de ensino e aprendizagem que devem permear a maneira de expressão e contexto que o aluno se encontra. Ora, o ensino de uma comunidade indígena não será feito da mesma maneira que o ensino de um bairro mais abastado financeiramente, tampouco este será feito de maneira igual ao de uma comunidade carente: A linguagem, o objetivo e a maneira de comunicar e tratar os dilemas sociais em cada um destes contextos deve ser pensada. Como complicador, a heterogeneidade idiossincrática dos alunos em determinadas regiões torna esta tarefa ainda mais desafiadora pois um aluno que mora na Zona Sul do Rio de janeiro, por exemplo, pode ser domiciliado na favela mas estar estudando em uma escola em região financeiramente privilegiada.
Quanto ao contexto geral dos motivos de insucesso, estes tem haver diretamente com a maneira que a sociedade se comporta e dificuldades econômicas ou a falta de esperança em um futuro que seja diferente daquele que é vislumbrado imediatamente tornam tarefa hercúlea manter o aluno pelo tempo necessário para completar a trajetória acadêmica de maneira a atingir seu potencial. Necessidade premente de auto sustento e dos seus tomam as rédeas do querer deste indivíduo, fazendo-o deparar-se com a inevitável interrupção do processo educacional e a frustração de não alcançar o que muitas vezes ansiava.
Quanto à falta de interesse, o motivador-mor do processo educacional tem de ser a própria família, que encontra-se degradada por questões diversas e não estimulam o indivíduo a buscar alguma espécie de conhecimento que vá além do necessário ao mínimo e ao provimento deste mínimo de sustento à sua família. Tal análise torna-se precípua ao tentar compreender que “mínimo” é esse que torna o trabalho inimigo direto da realização acadêmica.
As medidas que estão sendo adotadas são adequadas, contudo, parece não haver interesse político para que a maior parcela da população saia dessa zona de inadequação acadêmica pois todas as políticas ali colocadas são periodicamente anunciadas, iniciadas e encerradas, sem sucesso e sem a persistência necessária de que se precisa para que a proposta dê certo. Cita-se exemplos como os CIEPS, que foram esvaziados e minorados até quase a extinção em que se propunha a educação integral, contudo, a política atual a ser implantada, data de 1983, época em que o projeto inicial poderia ser amadurecido de maneira a estruturar o processo educacional trinta anos depois. Construiu-se mais escolas de maneira a equacionar a demanda, contudo, já há previsão para fechamento destas mesmas escolas inauguradas no governo anterior.
Em conclusão, há necessidade cuja educação identificou e as pesquisas apontam para as causas e soluções do insucesso e evasão escolar, entretanto não há ações concretas por parte governamental de implementar as mudanças necessárias à derrocada da ignorância da população.

Fontes:

Rio Educa – http://www.rioeduca.net/programasAcoes.php?id=91. Acesso em 11 de março de 2017. O Tempo de Permanência na Escola e as Motivações dos Sem-Escola/ Coordenação Marcelo Côrtes Neri. – Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2009. Disponível em: https://is.gd/RhYSIT. Acesso em 10 de março de 2017. FIGUEIREDO, Gustavo de Oliveira. Los jóvenes en favelas de Rio de Janeiro, Brasil: de la vulnerabilidad social a las oportunidades para el desarrollo humano. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 21, n. 8, p. 2437-2450, Aug. 2016 . Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000802437&lng=en&nrm=iso >. Acesso em 09 de março de 2017. Brasil. [Plano Nacional de Educação (PNE)]. Plano Nacional de Educação 2014-2024 [recurso eletrônico] : Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. 86 p. – (Série legislação ; n. 125) Projeto Aluno Presente – Disponível em:   https://is.gd/0F6BAk . Acesso em 11 de março de 2017

Evasão escolar maior nas favelas do Rio – Disponível em:  https://is.gd/rH71Bs. Acesso em 10 de março de 2017.


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