Antônio Carlos dos Santos Pereira à época da confecção deste trabalho era graduando em Licenciatura plena em História pela Universidade Estadual da Paraíba.O título do artigo “SENSIBILIDADES E MEMÓRIA: O NARRAR, O SENTIR E O ENVELHECER” remete diretamente ao projeto “Sensibilidades: história de vida no tempo presente” coordenado pela professora doutora Joedna Reis de Meneses, realizado no período de agosto de 2015 a julho de 2016 e publicado no XVII Encontro Estadual de História (ANPUH-PB).
O tema tratado neste trabalho é o envelhecer nas sociedades capitalistas e/ou industrializadas no período da segunda metade do século XX, tendo como principal ponto de análise a maneira que o indivíduo analisa a si mesmo e como tal sociedade analisa a este indivíduo.
O autor traça um contexto histórico da nomenclatura “velho” por “idoso” de maneira a demonstrar que a partir do século XIX houve um aproveitamento social e econômico dos termos, de maneira que o indivíduo que chegou a esta idade e, por consequência, possuía também uma fonte de rendimentos gerava uma categoria de consumo. Os aspectos psicológicos, biológicos e sociais inseridos neste momento de vida, tratam o indivíduo de sobremaneira como alguém que tem oportunidade de analisar sua memória, o cuidado de si e o pensamento de construção das representatividades diante das sensibilidades inerentes a este período de velhice.
A identidade do indivíduo na terceira idade se demarca e se constrói a partir das experiências individuais e das suas memórias de tais ocorridos, e dos costumes e eventos comuns ao grupo de indivíduos que se consideram como iguais, mesclando assim memorias individuais e coletivas.
Nesse contexto, a narrativa e a oralidade de tais memórias de seus dias de outrora traz à tona uma série de sensações intimas e ao mesmo tempo comuns, de forma a “ligar”, não somente, essa comunidade da qual faz parte, mas também todas as outras da qual já fez parte.
O autor em sua narrativa, embora cite e toque no assunto, não analisa com maior profundidade os impactos políticos, econômicos e os interesses por traz do incentivo a formação da formação da identidade que a terceira idade apresenta hoje.
Uma vez que se estimula a passagem da imagem do “velho” como um ser improdutivo e a margem da sociedade, para o “idoso”, como um ser ainda capaz de produzir e de ser ativo social e economicamente, o Capital ganha espaço para retirar do idoso também o direito ao repouso e descanso, já que, sendo esse ativo e capaz, ainda poderia ser fonte de trabalho e de produção, suprindo assim cargos no mercado de trabalho por salários baixos, tendo em vista a desculpa de que esse só estaria “completando a renda da aposentadoria”, ou mesmo aumentando a idade para se aposentar e perdendo por completo os direitos sociais que lhe são devidos pelos anos de trabalho prestados e exercidos.
Essa análise de como uma construção social não integralmente “natural” pode servir aos interesses de uma minoria em detrimento de uma maioria, se faz necessária, principalmente no momento em que alguns países vivem atualmente.
Fonte:
PEREIRA, A. C. S. . Sensibilidades e Memória: o narrar, o sentir e o envelhecer. 2016. (Apresentação de Trabalho/Simpósio).
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